22ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.
Em 8 de
dezembro de 1986.
Presidida pelo Sr. André Forster - Presidente.
Secretariada pelo Sr. Isaac Ainhorn - 1º Secretário.
Às 18h55min, o Sr. André Forster assume a Presidência e solicita ao Sr.
1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a
verificação de “quorum”.
Responderam os Srs. Adão Eliseu, André Forster, Antonio Hohlfeldt,
Aranha Filho, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Cleom
Guatimozim, Clóvis Brum, Elói Guimarães, Ennio Terra, Frederico Barbosa,
Getúlio Brizola, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado,
Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Mendes
Ribeiro, Nei Lima, Paulo Sant'Ana, Pedro Ruas, Raul Casa, Teresinha Chaise,
Valdomiro Franco, Werner Becker e Wilson Santos.
O SR. PRESIDENTE: Havendo número legal,
declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Extraordinária, destinada à
apreciação de matéria constante em Pauta.
A seguir, passaremos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2546 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
83/86, do
Ver. Raul Casa, que denomina Rua Jair de Moura Calixto um logradouro público.
PROC. 0668 - SUBSTITUTIVO ao Projeto de Lei do Legislativo n.º 25/84, da Ver.ª Teresinha
Chaise, que institui o Baile Municipal de Porto Alegre e dá outras
providências.
PROC. 2559 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N.º 18/86, do Ver. Pedro Ruas, que modifica a Unidade Territorial Seccional
Intensiva 71; cria Área de Recuperação Urbana (Vila Chácara do Banco) e dá
outras providências.
PROC. 2573 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 80/86, que cria cargos no Serviço
Público Centralizado do Município e dá outras providências.
PROC. 2574 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 81/86, que autoriza o Município a
firmar Convênio com o Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente.
2ª SESSÃO
PROC. 1840 – SUBSTITUTIVO, do Ver. Isaac Ainhorn, ao Projeto de Lei do Legislativo n.º 56/86,
de sua autoria, que autoriza o Executivo Municipal a receber doações de
material escolar e didático e dá outras providências.
PROC. 2150 – SUBSTITUTIVO, do Ver. Clóvis Brum, ao Projeto de Lei do Executivo n.º 29/86,
que autoriza a alienação de imóveis, por compra e venda, através de
concorrência pública e implanta o Programa da “Casa da Criança”.
3ª SESSÃO
PROC. 2429 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
81/86, do
Ver. Aranha Filho, que denomina Rua Homero Só Jobim um logradouro público.
PROC. 2461 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 32/86, do Ver. Hermes Dutra, que
concede o título honorífico de Cidadã Emérita a Sra. Rose Marie Reis Garcia.
PROC. 2541 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 34/86, do Ver. Hermes Dutra, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Ary Zenobini Rêgo.
PROC. 2510 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 33/86, do Ver. Ignácio Neis, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Rosalino Carmanin Necchi.
PROC. 2516 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 78/86, que autoriza o DMAE a dar
contribuição à Administração Centralizada e dá outras providências.
PROC. 2545 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 79/86, que estabelece Metodologia
para cálculo de tarifas no Serviço de Transporte Coletivo por ônibus de Porto
Alegre.
O SR. PRESIDENTE: Primeiro orador inscrito em
Pauta, Ver. Hermes Dutra (desiste), Ver. Jorge Goularte (desiste), Ver.ª
Teresinha Chaise (ausente), Ver. Frederico Barbosa (ausente). Com a palavra, o
Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, peço perdão aos meus colegas, mas é uma necessidade falar em Pauta,
até porque tramita pela segunda vez um projeto de origem do Executivo que trata
da alienação de 6 lotes na Avenida Perimetral para a construção de creches e
equipamentos comunitários. Não definia o Projeto quantas creches deveriam ser
construídas e nem os equipamentos comunitários. O Substitutivo, que atende mais
a uma solicitação da SMEC, visa alterar não só o termo “creche”, como dar a
destinação total dos recursos para construção de 50 prédios destinados à Casa
da Criança, para receber crianças de 2 meses até sete anos. Aplica-se a
totalidade dos recursos, abre-se a oportunidade da SMEC receber recursos
oriundos da Emenda Calmon, que trata evidentemente dos 25% do orçamento
referentes à educação. Em terceiro, enseja a oportunidade a que a Prefeitura
possa redistribuir as áreas contempladas com lotes, porque há alguns lotes
realmente muito grandes e, se a divisão destas áreas facilitar a transação e
auferir mais recursos para o erário público, o assunto é importante. Mas, desde
já, chamo a atenção da Bancada do PDT para a necessidade da aprovação deste
Projeto que trata especificamente da implantação do programa da Casa da Criança
em Porto Alegre. No ano de 1987 serão 50 prédios construídos, recursos já
contemplados com esta Lei. Para 1988 mais 50 prédios. Eu quero dizer à Casa,
para registro dos Anais, que para mim o que menos importa é quem é o Prefeito
de Porto Alegre, a que partido pertence o Prefeito. O interesse social desta
proposta deve despertar, evidentemente, a atenção dos Vereadores no seu período
de votação. Cada prédio comportará 150 crianças, ou seja, abrigará 150
crianças, todas carentes! Em que pese esta proposta, já manifestaram-se contra
o Parecer todos os Vereadores da Frente Liberal, dizendo que era interesse de
preservar estas áreas e não permitir a sua alienação, o que significa que o PFL
está preferindo ficar com as terras, a especulação imobiliária, em última
análise, do que o teto de nada menos de 50 mil crianças abandonadas, mais ou
menos, que vivem nesta Cidade. Não interessa ficar com o terreno na Perimetral
e as nossas crianças carentes de Porto Alegre continuarem abandonadas. Não
entendi, sinceramente, a posição do PFL, que, na oportunidade, não tem nenhum
dos seus integrantes aqui nesta Sessão. Mas, efetivamente, o Projeto é muito
sério, e acho que dou uma contribuição para o Prefeito Alceu Collares marcar
uma posição e realizar, talvez, a obra mais importante da sua Administração, ou
seja; a implantação do Programa da Casa da Criança, que prevê 100 prédios em 24
meses, sendo 50 nos primeiros doze meses. Quero fazer justiça, aqui, a duas
Emendas apresentadas pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, que se apressou no sentido de
viabilizar a aplicação desses recursos com exclusividade na construção de creches.
Entretanto, creches recebem crianças até 2 anos, e a Casa da Criança receberá
até 7 anos. Espero que o PDT, PDS, PT, PSB, PCB e os companheiros do PMDB
possam votar favoravelmente a esse Projeto. Comunico também à Casa que no dia
da votação estará aqui presente a Secretária da SMEC, porque esse Substitutivo
é muito mais do interesse das crianças carentes da Cidade do que deste
Vereador. Sou grato à Presidência da Casa que, num esforço monumental,
conseguiu viabilizar a segunda corrida de Pauta no dia de hoje. Muito obrigado,
Sr. Presidente. As crianças carentes desta Cidade agradecem a V. Ex.ª Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero referir-me não apenas ao Substitutivo do Ver. Clóvis Brum
como ao Projeto original enviado a esta Casa pelo Executivo e que pressupõe a
venda de seis valiosos lotes na Av. Perimetral I, que é uma decisão que eu,
confesso aos senhores, tenho um determinado temor. Já tive oportunidade de
manifestar a respeito, e nesse sentido o Substitutivo do Ver. Clóvis Brum, que
englobou em parte as minhas Emendas, e eu digo em parte porque numa das Emendas
eu previa o pagamento de 40% a título de entrada, e o Ver. Clóvis Brum reduziu
a 30%, e a outra Emenda, na verdade, não foi englobada. Ela prevê um prazo
determinado para o início da obra quanto às empresas adquirentes. Esta Emenda o
Ver. Clóvis Brum não englobou, como já disse, de maneira que eu vou reapresentá-la,
porque entendo básica para cumprir, inclusive, a intenção do Projeto do
Executivo. Mas este Projeto, dizia eu, me preocupa e eu confesso-me dividido.
Preocupa-me porque se pode aceitar, em tese, a decisão do Executivo em vender
áreas municipais geradas anteriormente por desapropriação e, portanto, com ônus
aos cofres públicos, porque advêm de reloteamentos oriundos de desapropriação
quando da abertura da primeira Perimetral. A venda desses lotes me preocupa
porque, de um lado, eles gerarão recursos ao erário municipal, recursos esses
que em boa hora o Ver. Clóvis Brum se preocupou em destinar, objetivamente,
para o que ele denomina de Casa da Criança, e porque, segundo o Sr. Prefeito
Municipal, na sua Exposição de Motivos, tal venda propiciaria a solução quanto
a alguns brancos urbanos existentes na Cidade. Mas, de outro lado, tenho
preocupações porque tradicionalmente estas áreas têm sido usadas para permutas,
o que possibilita a eventual aquisição de terrenos por parte do Executivo
Municipal, repassando-os depois ao DEMHAB, que poderia assim executar obras
para as populações carentes, visando à localização ou à relocalização de
algumas vilas clandestinas ou áreas de invasão. Mas me preocupa é que parece
que este é apenas o primeiro de uma série de projetos e que passaria a
constituir uma política do Município, absolutamente inversa à política até aqui
seguida, e que não se terá mais um banco de áreas, um banco de terras para
permutas, como vinha sendo tradição até o momento, mas passará o Executivo a se
desfazer de todas as áreas que eventualmente possua, mediante venda. Sei, por
informações oficiosas, de que outros projetos deste tipo serão enviados a esta
Casa nos próximos meses, e fico me indagando como nós enfrentaremos, a
municipalidade, como um todo, enfrentará, no futuro, primeiro, as permutas que
tradicionalmente ocorrem. E temos para votar, se tivermos o andamento normal,
cerca de 10 projetos deste tipo até o final da Sessão Legislativa Ordinária,
alguns muito valiosos, como um que estava previsto para ser votado hoje, mas
que foi transferido para daqui a duas Sessões. Então, de um lado, temos esta
preocupação. Confesso que realmente apresentei duas Emendas e vou mantê-las,
não porque concorde plenamente com o Projeto - como disse, ele me preocupa -,
mas porque pretendia, pelo menos, cercar o Projeto de determinados cuidados. De
um lado, que os adquirentes não sejam eles, em última análise, a fazer a
especulação imobiliária, mantendo os vazios urbanos após a aquisição à
municipalidade, e isso ocorrerá fatalmente se não houver a determinação de um
prazo para o início e conclusão de obras. E foi essa a Emenda que,
infelizmente, o Ver. Clóvis Brum não incluiu no seu Substitutivo. Por outro
lado, incluí uma segunda Emenda que aumenta o valor da primeira parcela,
porque, pelo Projeto original, o adquirente dará apenas 10% do valor, saldando
em seis vezes os restantes 90%. Eu fiz a pesquisa com a minha assessoria no que
é comum no mercado imobiliário e descobri que, no mercado imobiliário, é comum
que se dê 40%, pagando-se, depois, o restante, ao longo de um prazo que, no
caso do Projeto, originalmente, já está especificado: 60% em seis meses. O Ver.
Clóvis Brum preferiu 30%. Acho que aí não há problema; a diferença entre 30 e
40% não é uma grande diferença. Isso nós poderemos acertar. Agora, acho que 10%
é muita mamata, é muita facilidade para a aquisição. Dá 10% agora e 90% no
correr de seis meses. Imaginemos que isso ocorra a partir de 27 de fevereiro e
nós teremos, só no prazo previsto pelo Projeto original, um lucro fantástico
dos eventuais adquirentes. Então, essas são algumas questões que me preocupam,
além do mérito em si do Projeto, que, confesso, estou pedindo parecer ao IAB,
ao Sindicato de Engenheiros, ao CREA, porque me interessa ter posição das entidades
de classe quanto a esse tipo de projeto.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não sei, Vereador, mas V. Ex.ª primeiro questionou a
parte jurídica, não é isso? Quero dizer que na esfera jurídica essas áreas não
foram adquiridas por desapropriação.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vereador, não levantei
qualquer óbice jurídico, não me pareceu que houvesse qualquer problema jurídico
na questão.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Ex.ª referiu que o
Município teria desapropriado e iria vender a terceiros. Quero dizer a V. Ex.ª
que essas áreas todas foram adquiridas, de comum acordo, pelo Município.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu não estou colocando
isso. O que coloquei foi que o Município pagou por elas, de uma ou de outra
forma.
O Sr. Brochado da Rocha: Exatamente. Então, superado
o aspecto jurídico, se coloca o mérito: o Município estava adotando uma
política absolutamente autofágica. Ou seja: nas áreas em que ele mais aplicou -
em todo o contorno da área do Projeto Renascença -, o Município está com essas
terras, se portando ele, Município, como uma imobiliária especuladora e, ao
mesmo tempo, não dando o retorno devido ao Município de Porto Alegre do capital
aplicado em todas as reformas que a primeira Perimetral exigiu e, ao mesmo
tempo, o Projeto Renascença. De certa forma, era uma inércia do Município, um
negócio meio anti-social deixar essas áreas sem uso.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vereador, a tese, em
princípio, me é clara. A minha dúvida é, exatamente, sobre o fato de, em uma só
vez ou sucessivamente, o Município agora sair dos oito para os oitenta. Quer
dizer: antes guardava tudo e agora vai vender tudo.
O Sr. Brochado da Rocha: Eu diria a V. Ex.ª que há
dez vezes mais áreas que essa aí.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Mas não tão valorizadas
quanto essa.
O Sr. Brochado da Rocha: Tão valorizadas quanto essa
aí. Apenas não estão com seus papéis prontos. São do Município, de tal sorte
que aí será dotado. Estas eram disponíveis e existem outras, as quais poderão -
aí concordo com V. Ex.ª - entrar no Fundo Geral de Investimentos do Município.
O Sr. Clóvis Brum: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A Emenda n.º 1, de V. Ex.ª, estabelece um pagamento
inicial de, no mínimo, 40%. O § 2º, art. 3º, do Substitutivo deste Vereador,
estabelece 30%. Entretanto, a Emenda n.º 2 foi totalmente acolhida no Parecer
por este Vereador. Acho que V. Ex.ª estudou a matéria. Somos favoráveis ao
Projeto, juntamente com Substitutivo e Emenda n.º 1, e contrários à de n.º 2.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Perfeito. Corrijo-me e lhe
agradeço. Realmente, li o Substitutivo e não encontrei a Emenda n.º 2. Não li o
Parecer, e tudo fica explicado.
O Sr. Werner Becker: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Como ele está em Pauta, eu confesso, lisamente, que
estou um pouco ambíguo - como diz V. Ex.ª . Em primeiro lugar, o Ver. Brochado
da Rocha - gostaria que esclarecesse -, me disse que só está dependendo de
detalhes escriturais e formais. O que eu sei é que a transmissão de propriedade,
no nosso sistema brasileiro, se dá com a transcrição. Antes da transcrição pode
haver uma promessa, pode haver um direito obrigacional, mas eu gostaria que
ficasse melhor esclarecido qual o tipo de propriedade, de que forma foi
adquirida esta propriedade e se a transcrição ainda não está feita. Estou
sabendo agora que neste Projeto original são frutos de desapropriação.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu não tenho detalhes de um
por um, mas eles devem ser por desapropriação, de aquisição, de acertos, mas,
enfim, seja como for, eram áreas particulares que se tornaram propriedade do
Município para reloteamento a partir do momento de abertura da primeira
Perimetral.
O Sr. Werner Becker: Através da apropriação não?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Nós não temos detalhes de
cada projeto, mas sabemos que tradicionalmente o Município atua através da
desapropriação.
O Sr. Werner Becker: Se for através da
desapropriação, pode haver um desvio de finalidade da desapropriação e ensejar
até uma ação de anulação dessa desapropriação.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Agora, sim, V. Ex.ª levanta
uma questão jurídica que eu confesso não haver entrado no detalhe.
O Sr. Werner Becker: Eu gostaria que o Ver.
Brochado da Rocha explicasse como esta propriedade se deu e de que forma, se
ele mesmo disse que o processo ainda não chegou à transcrição.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Fica, talvez, Ver. Werner
Becker, quando o processo chegar à CJR, um pedido de diligência para que o
Município se manifeste a respeito de cada lote, já que os lotes se acham devidamente
identificados e individualizados.
O Sr. Werner Becker: E terceiro, se a posse vai
se dar após o pagamento total ou se emite-se na posse já imediatamente.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Não, isto consta do
processo.
O Sr. Werner Becker: Se a posse for dada
imediatamente, talvez possa haver procrastinação.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ficam, aqui, levantadas as
questões e a nossa preocupação em relação a este Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Última inscrição de Pauta.
Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, eu quero levantar uma preliminar que certamente
passou despercebida ao atilado Relator-Geral, mas que, lembrado por este
Vereador, certamente haverá de me dar razão.
Creio que estamos impedidos de votar qualquer autorização para venda
antes das modificações do Plano Diretor, eis que, se autorizarmos a venda de um
terreno onde hoje se pode ter um índice de construção de 1.5, autorizamos a
venda e daqui a vinte dias mudamos, por exemplo, para 4 pontos. V. Ex.as
já imaginaram a diferença de valores que vão ter estes imóveis? E também não
adianta argumentar que, se for modificado, dá tempo para alterar o Edital.
Estas modificações se processam um pouco lentas, a valorização não ocorre do
hoje para amanhã. Então, é necessária uma certa maturação dos novos índices, se
é que vão ser aumentados, mas eu sou obrigado a raciocinar neste aspecto,
quando devo votar uma lei autorizando a venda de áreas valiosíssimas. Quero
registrar, com algumas reservas, que eu não sou contra a alienação, até porque
acho que o Município, em necessitando de recursos, certamente deverá fazer uso
de algumas reservas, no sentido de terreno. E a reserva que falei é que não
podemos também, a título de capitalização do Município, estar a resolver um
problema financeiro e criando um problema econômico, isto é, estarmos
reduzindo... (Apartes paralelos.) Lembro-me bem das imensas dificuldades que
tive nesta Casa, como Líder do Governo, na época, para fazer passar permutas; e
a permuta, sabem V. Ex.as, na maioria das vezes é para evitar que o
Município tenha uma despesa, porque ou foi objeto de desapropriação ou,
eventualmente, é uma permuta para facilitar à comunidade, isto é, a ampliação
de uma praça ou coisa parecida, que até se dispensa, às vezes, a
desapropriação. Mas, de qualquer forma, a permuta é muito mais justificável do
que a simples e pura venda. Aprendi, nesta Casa, a ter este cuidado; isso não
me fez, todavia, que eventualmente criasse uma jurisprudência própria de ser
contra tudo, não. Agora, não posso... e devo alertar os companheiros da Casa
sobre estes aspectos. E também não estou a afirmar aqui que os índices ali vão
mudar. Agora, ante a perspectiva da mudança, sou obrigado a me recolher e pedir
tempo.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Confesso a V. Ex.ª, que me passou despercebida esta
questão, e apenas hoje pela manhã, conversando com um Assessor meu, ele me
levantou exatamente esse problema. E esse, inclusive, é o motivo pelo qual, na
discussão que hoje se travaria na Casa sobre o Processo n.º 1911, eu também
pretendia invocá-lo sob este aspecto: que a permuta se dá com uma área na
primeira Perimetral, onde hoje se situa a base da SMT onde se faz a aferição
dos taxímetros, área de um valor imenso que será atingida como corredor de
serviços e que terá modificados, talvez não necessariamente, índices, mas a
utilidade. O que poderá ser ali instalado senão os próprios índices? Então parece-me
que esse tipo de projeto deveria ser segurado por nós nos próximos dias, até
que o Prefeito se decida a mandar as modificações previstas no Plano Diretor.
Acredito que, infelizmente, ocorrerá nesta semana, obrigando-nos a uma corrida
muito grande para o período extraordinário no exame dessas questões. Mas
devemos examiná-las contextualmente em relação às modificações previstas, pois,
se é válido dizer que a simples passagem de um ano pode mudar a avaliação de
duas áreas, e era esse o meu primeiro óbice em relação ao Projeto, que acabou
não sendo discutido hoje, porque áreas determinadas no perímetro central têm
uma valorização superior a áreas de periferia, muito mais as previstas
modificações no Plano Diretor. Parabenizo-me com V. Ex.ª por essa observação.
O Sr. Clóvis Brum: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, V. Ex.ª portou-se agora como um
iluminado, porque realmente V. Ex.ª tem razão, porque, se o Plano Diretor
privilegiar esta área, o valor será outro, e aí não serão só 100 casas da
criança, aí serão 200 casas. Este Vereador também não tem pressa na votação
desta matéria. Não serão 100 e sim 200, não serão apenas 10 mil e poucas
crianças beneficiadas e sim 30 mil crianças carentes beneficiadas. Acho que V.
Ex.ª coloca o assunto com a mais alta significação e gostaríamos até, se fosse
possível - a Liderança do PDT, o próprio Ver. Brochado da Rocha, que está
presente -, de obter junto ao Executivo a remessa, o quanto antes, da famosa
alteração do Plano Diretor. Seria importante para nós, até porque este Projeto
começa a ser prejudicado agora em função da proposta que o Prefeito vem
anunciando de alteração do Plano Diretor.
Congratulo-me com V. Ex.ª e acho que V. Ex.ª pede apenas tempo para ver
se esta área é privilegiada, e, se for, o valor triplica. Sou grato.
O Sr. Werner Becker: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas eu gostaria de deixar claro que no conteúdo,
no fundo, no mérito do Projeto eu sou a favor. Meu temor é que, passando
despercebido algum dado formal ou dado inclusive de valor, nós podemos até
criar depois a decepção da criança e vá, através de anulação, destruir todo um
trabalho que o Ver. Clóvis Brum está extremamente preocupado em fazer para
valer para sempre. Esperar 2 meses e fazer fundamentado. É apenas isso.
O SR. HERMES DUTRA: Sou grato a V. Ex.ª. Outro
aspecto que queria levantar: o Ver. Clóvis Brum, como sempre atilado, tratou no
seu Substitutivo de colocar alguns óbices na eventual tentativa de não
aplicação correta do arrecadado para tal, qual seja, enumerou quantitativamente
as Casas da Criança que seriam construídas nos referidos anos. Acho que foi
pouco, Vereador, embora a intenção de V. Ex.ª seja ótima, e eu compartilho
dela. Acho que deveríamos neste caso, talvez, parcelar essa autorização quando
dada: vende 2 terrenos, começa a construção, se autoriza a venda de outro, para
evitar um calote de que esta Casa já foi alvo e que foi cometido até por um
governo que era do meu partido, com o qual não tenho nada que ver. É bom dizer
porque senão já vão achar que, porque o Dr. Villela fez isso, o Dr. Collares
pode fazer a mesma coisa. Eu não era Vereador e não tinha nada a ver com a
história, que foi a venda do hortomercado para a construção da Câmara, que
terminou os recursos não vindo para a Câmara, porque foram aplicados não sei
onde. E pode acontecer a mesma coisa.
O Sr. Clóvis Brum: Aí está bem explícito,
Vereador. Todos os artigos, os valores, tudo.
O SR. HERMES DUTRA: Então, me ocorreu de
emendar o seu Substitutivo exatamente para parcelar essa autorização. Vende 3,
inicia a construção, depois vende, de forma que garantíssemos a utilização,
porque senão nós vamos ficar depois que nem ficamos da outra vez. Até hoje eu
ouço críticas, algumas até imputadas a mim, que não têm nada a ver. Mas não
adianta buscar o culpado. Ora, num aperto municipal, nós sabemos muito bem como
as coisas ocorrem. Então, em vez de um cheque relativamente em branco - quer
dizer, um cheque ao portador -, vamos passar um cheque nominal e cruzado.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Ex.ª estava a enunciar um fato acontecido no
passado, ou seja, em que um prédio vendido tinha uma destinação. Acontece que
aquele estava na Exposição de Motivos e este está no texto da lei. É a
diferença fundamental, ou seja: se o Executivo não cumprir, há a penalidade de
não cumprir a lei. Para mais do que isso, eu sugiro a V. Ex.ª que coloque uma
cláusula penal adicional às já existentes.
O SR. HERMES DUTRA: Perdoe-me o douto bacharel,
mas tenho para mim que não é nossa missão incursionarmos na área penal.
Entretanto, dizem os bacharéis que o que abunda não prejudica. Logo, não vejo
por que não fracionarmos esta autorização. Claro que depois das modificações,
se houver, pois estamos sempre no campo da suposição, do Plano Diretor. Pelo
que ouvi do Sr. Prefeito Municipal e, aliás, do próprio Secretário, a idéia do
Plano Diretor é proporcionar mais renda à Cidade com a utilização da atual
infra-estrutura, quer dizer, locais onde não são necessárias novas obras de
infra-estrutura, que, me parece, coincidência ou não, casam com a área que quer
ser vendida. Então, áreas que já tenham a infra-estrutura e que facilmente vão
gerar mais recursos para a Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrada a presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 19h34min.)
Sala das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 08 de dezembro de 1986.
* * * * *